segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

P.A.D. (Poema Anual Dois)

Engraçado o ano acabar numa segunda-feira
de céu escuro, chuvinha miúda,
latidos insistentes e estridentes,
nada de música.

Engraçado eu, ultimamente,
querer que tudo se acabe com samba,
sem vendas nos olhos,
com os pés no chão.

Porque ontem me ocorreu que
as raízes vêm do chão
Embora as influências venham de toda parte
a penetrar olhos, boca, ouvidos…


- Esse chão que me foi tão presente nesse ano,
por estar sempre aí, como dizem, a embasar a vida. -
Que ele fique, pois, permitindo nosso "deixar desestabilizar-se",
acabando com toda e qualquer espera descabida.

Acho que é isso que quero de um ano novo novo mesmo.
Além, claro, de continuar dançando com as palavras,
acreditando naquilo que é mágico, mesmo que não se mostre assim.
Mesmo que não se mostre.

Amanhã nada será diferente em nossos arredores,
provavelmente.
Ou em nossos corpos.
Agora, o que se poderá dizer de nossas intencionantes cabeças?



terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Do retorno, da repetição.

Se as palavras me saíssem mais concisas
Escreveria uma crônica

Mas
Embora eu descreva minha viagem de tão perto
Embora eu fale que peguei ônibus que ensurdeciam,
escadas que não acabavam, filas que não acabavam

Embora eu fale que tropecei nas calçadas,
que fui expulsa do chão,
que sorri para crianças no vagão,
que quis chorar recostada nas janelas

Isso não será uma crônica.

Mesmo que minhas palavras já tenham se tornado
- todas elas -
crônicas.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

embargo

lá vou eu escrever
de novo
como se a vida fosse entender os seus recados
que não vêm.